quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Capítulo 12 (O Simbolo Perdido)



CAPÍTULO 12

Fazia mais de uma década que Trent Anderson, chefe de polícia do Capitólio, supervisionava a
segurança daquele complexo. Era um homem musculoso e de ombros largos, com traços finos e
cabelo ruivo cortado à escovinha, o que lhe dava um ar de autoridade militar. Deixava sua arma bem
visível como aviso a qualquer um que caísse na besteira de questionar seu poder.
Anderson passava a maior parte do tempo coordenando seu pequeno exército de agentes a
partir de um centro de segurança de alta tecnologia situado no subsolo do Capitólio. Dali, comandava
uma equipe de técnicos encarregados de examinar monitores e dados de computador, além disso
controlava uma mesa telefônica que o mantinha em contato com os funcionários da segurança.
Aquela noite tinha sido estranhamente tranquila, e Anderson estava satisfeito. Tinha esperanças
de conseguir ver um pouco do jogo dos Redskins na TV de tela plana da sua sala. A partida havia
acabado de começar quando seu interfone tocou.
– Chefe?
Anderson resmungou e manteve os olhos grudados na televisão enquanto atendia o interfone.
– O que foi?
– Houve algum problema na Rotunda. Os agentes estão chegando lá agora, mas acho que o
senhor vai querer dar uma olhada.
– Certo. - Anderson entrou no centro nervoso do sistema de segurança: uma instalação
compacta, neomoderna, cheia de monitores de computador. - O que você tem aí?
O técnico estava ajustando uma imagem de vídeo digital em seu monitor.
– Câmera da galeria leste da Rotunda. Vinte segundos atrás. - Ele acionou o vídeo.
Anderson ficou olhando por cima do ombro do técnico. A Rotunda estava quase deserta
naquele dia, ocupada apenas por uns poucos turistas. O olho treinado de Anderson foi atraído
imediatamente para a única pessoa sozinha que se movia mais depressa do que as outras. Cabeça
raspada. Casaco militar verde. Braço ferido em uma tipóia. Um pouco manco. Postura curva.
Falando no celular.
Os passos do homem careca ecoaram de forma distinta no áudio até que, de repente, ao chegar
bem no meio da Rotunda, ele parou, encerrou o telefonema e ajoelhou como quem vai amarrar o
cadarço do sapato. No entanto, em vez de fazer isso, o careca tirou alguma coisa da tipóia e a pôs no
chão. Depois se levantou e seguiu mancando depressa em direção à saída leste.


Anderson ficou olhando para o estranho objeto que o homem havia deixado para trás. Que
negócio é esse? O objeto tinha uns 20 centímetros de altura e estava posicionado na vertical.
Anderson se aproximou do monitor e apertou os olhos. Não pode ser o que parece!
Enquanto o careca se afastava apressado, desaparecendo pelo pórtico leste, um menininho ali
perto disse:
– Mamãe, aquele homem deixou cair alguma coisa.
O garoto foi ver o que era, mas de repente estacou. Após um longo instante de imobilidade,
apontou para o objeto e soltou um grito ensurdecedor.
Na mesma hora, o chefe de polícia girou o corpo e saiu correndo em direção à porta, berrando
ordens pelo caminho.
– Mandem um rádio para todos os postos! Encontrem o careca da tipóia e prendam-no!
AGORA!
Correndo para fora do centro de segurança, ele subiu de três em três os degraus da escadaria
gasta. O vídeo de segurança havia mostrado o careca da tipóia deixando a Rotunda pelo pórtico leste.
O caminho mais curto para sair do prédio, portanto, o faria passar pelo corredor leste-oeste, que
ficava logo à frente. Eu posso interceptá-lo.
Depois de chegar ao topo da escada e fazer a curva, Anderson vasculhou o corredor silencioso
à sua frente. Na outra ponta, um casal de idosos caminhava devagar, de mãos dadas. Perto deles, um
turista louro de blazer azul lia um guia e estudava os mosaicos do teto em frente à Câmara dos
Representantes.
– Com licença! - bradou Anderson correndo em sua direção. - O senhor viu um homem careca
com uma tipóia no braço?
O homem ergueu os olhos do livro com uma expressão confusa.
– Um careca com uma tipóia! - repetiu Anderson com mais firmeza. - O senhor o viu?
O turista hesitou e, nervoso, olhou para a extremidade leste do corredor.
– Hã... Vi, sim - respondeu. - Acho que ele acabou de passar correndo por mim... Na direção
daquela escada ali. - Ele apontou para o final do corredor.
Anderson sacou o rádio e berrou no aparelho.
- Atenção, todos os postos! O suspeito está se dirigindo para a saída sudeste. Todos para lá! -
Ele guardou o rádio e arrancou a arma do coldre, pondo-se a correr rumo à saída.

Trinta segundos depois, o louro musculoso de blazer azul saiu tranquilamente pela ala leste do
Capitólio para o ar úmido da noite. Sorriu, saboreando o frescor do lado de fora. Transformação.
Tinha sido tão fácil.


Apenas um minuto antes, ele saíra rapidamente da Rotunda mancando e usando um casaco
militar. Depois de se esconder em um vão mal iluminado, havia tirado o casaco militar, revelando o
blazer azul que usava por baixo. Antes de se desfazer do casaco, sacara uma peruca loura do bolso,
colocando-a com cuidado sobre a cabeça. Então endireitou o corpo, tirou do blazer um guia de
Washington e saiu calmamente do vão com um passo elegante. Transformação. É esse o meu dom.
Enquanto as pernas mortais de Mal'akh carregavam-no em direção à limusine que o aguardava,
ele arqueou as costas, esticando todo o seu 1,90m e jogando os ombros para trás. Respirou fundo,
deixando o ar encher seus pulmões. Podia sentir as asas da fênix tatuada em seu peito se abrindo. Se
ao menos eles conhecessem o meu poder, pensou, olhando para a cidade à sua frente. Hoje à noite
minha transformação irá se completar.
Mal'akh tivera uma conduta impecável dentro do Capitólio, demonstrando obediência a todas
as regras de etiqueta ancestrais. O antigo convite foi entregue. Se Langdon ainda não tivesse
compreendido qual era seu papel ali naquela noite, logo iria entender.

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