sábado, 22 de dezembro de 2012

Capítulo 32 (O Simbolo Perdido)


CAPÍTULO 32

– Estamos quase lá. - Disse Anderson, guiando Langdon e Sato pelo corredor aparentemente
sem fim que cortava toda a extensão da ala leste do Capitólio. - Na época de Lincoln, este corredor
tinha piso de terra batida e era cheio de ratos. -  Langdon se sentiu grato pelo piso ter sido ladrilhado;
não era um grande fã de ratos. O grupo seguiu em frente com o tamborilar de seus passos criando um
eco sinistro e irregular no corredor comprido. Portas margeavam a longa passagem, algumas
fechadas, porém, muitas entreabertas. Várias das salas naquele andar pareciam abandonadas.
Langdon percebeu que os números agora decresciam e, depois de algum tempo, pareciam estar se
esgotando. SB4... SB3... SB2... SB1...
Eles seguiram em frente, passando por uma porta sem nada escrito, mas    Anderson estacou
quando os números começaram novamente a subir. HB1... HB2...
– Desculpem. - Disse ele. - Passei direto. Quase nunca desço até aqui.
O grupo voltou alguns metros até uma velha porta de metal, que Langdon não percebeu estar
cravada no ponto central do corredor - o meridiano que separava o Subsolo do Senado (SB) do
Subsolo da Câmara (HB). A porta estava de fato marcada, mas, de tão apagadas, as letras eram quase
imperceptíveis.

SBB

– Pronto, chegamos. - Disse Anderson. - As chaves estarão aqui a qualquer momento.
Sato fechou a cara e conferiu o relógio.
Langdon examinou a inscrição que dizia SBB e perguntou a Anderson:
– Por que este espaço está associado com o lado do Senado, mesmo estando no meio?
Anderson pareceu intrigado.
– Como assim?
– Aqui está escrito SBB, e SBB começa com S, não com H. - Anderson sacudiu a cabeça.
– O S de SBB não é por causa do Senado. É...
– Chefe? - Chamou um segurança ao longe. O homem veio correndo até onde eles estavam,
estendendo uma chave. - Sinto muito, senhor, acabei perdendo alguns minutos. Não conseguimos
encontrar a chave principal do SBB. Esta aqui é uma reserva.
– A chave original sumiu? - Perguntou Anderson, surpreso.

– Deve ter se perdido. - Respondeu o segurança, ofegante. - Há séculos que ninguém pede para
descer aqui.
Anderson pegou a chave.
– Não existe outra chave da SBB13?
– Sinto muito, até agora não conseguimos encontrar as chaves de nenhuma das salas do SBB.
MacDonald está cuidando disso agora mesmo. - O segurança sacou o rádio e falou para o aparelho. -
Bob? Estou aqui com o chefe. Alguma novidade sobre a chave da SBB13?
O rádio do segurança chiou e uma voz respondeu:
– Na verdade, sim. É estranho. Não há nenhuma entrada a respeito do SBB desde que o sistema
foi digitalizado, mas os registros físicos indicam que todas as salas de depósito dessa área foram
esvaziadas e abandonadas há mais de 20 anos. Agora estão listadas como espaços ociosos. - Ele fez
uma pausa. - Todas menos a SBB13. - Anderson agarrou o rádio.
– Aqui é o chefe. Como assim, todas menos a SBB13?
– Bem, senhor - respondeu a voz -, estou com uma anotação aqui que descreve a SBB13 como
"particular". Faz muito tempo, mas está escrito e assinado com a rubrica do próprio Arquiteto.
O termo Arquiteto, Langdon sabia, não era uma referência ao homem que havia projetado o
Capitólio, mas sim àquele que o administrava. Como o síndico de um prédio, o homem nomeado
Arquiteto do Capitólio cuidava de tudo: manutenção, restauração, segurança, contratação de
funcionários e atribuição das salas.
– O mais estranho - disse a voz no rádio - é que a anotação do Arquiteto indica que esse
"espaço particular" foi reservado para o uso de Peter Solomon.
Langdon, Sato e Anderson trocaram olhares de espanto.
– Imagino então, senhor - prosseguiu a voz -, que o Sr. Solomon esteja com a chave original do
SBB e também com todas as chaves da SBB13.
Langdon não conseguia acreditar nos próprios ouvidos. Peter tem uma sala particular no
subsolo do Capitólio? Sempre soubera que Peter Solomon tinha segredos, mas aquilo era
surpreendente até mesmo para ele.
– Certo. - Disse Anderson, obviamente sem achar a menor graça. - Estamos querendo acessar a
SBB13 especificamente, então continue procurando uma segunda chave.
– Pois não, senhor. Também estamos providenciando a imagem digital que senhor solicitou...
– Obrigado. - Interrompeu Anderson, apertando o botão para cortar a voz do interlocutor. - É só
isso. Mande o arquivo para o BlackBerry da diretora Sato assim que estiver pronto.
– Entendido, senhor. - O rádio silenciou.

Anderson devolveu o rádio para o segurança à sua frente. O homem sacou a xerox de uma
planta e a entregou ao chefe.
– O SBB está indicado aqui, senhor, e nós marcamos com um X a sala SBB13, de modo que
não deve ser difícil encontrá-la. A área é bem pequena.
Anderson agradeceu e voltou sua atenção para a planta enquanto o rapaz ia embora apressado.
Langdon continuou olhando à sua volta, surpreso ao constatar a espantosa quantidade de cubículos
que formavam o bizarro labirinto debaixo do Capitólio.
Depois de estudar a planta por alguns instantes, Anderson aquiesceu e a guardou no bolso.
Virando-se para a porta onde estava escrito SBB, chegou a erguer a chave, mas novamente hesitou,
parecendo pouco à vontade com o fato de abri-la. Langdon tinha ressalvas semelhantes; não fazia
ideia do que havia atrás daquela porta, porém estava bastante certo de que, fosse qual fosse o objeto
que Solomon havia escondido ali, ele queria mantê-lo privado. Muito privado.
Sato pigarreou e Anderson entendeu o recado. O chefe respirou fundo, inseriu a chave na
fechadura e tentou girá-la. Ela não se moveu. Durante uma fração de segundo, Langdon teve
esperanças de que aquela fosse a chave errada. No entanto, na segunda tentativa, a fechadura girou e
Anderson empurrou a porta para abri-la.
Quando a pesada porta se abriu com um rangido, uma rajada de ar úmido entrou no corredor.
Langdon deu uma espiada lá para dentro, mas não conseguiu ver nada na escuridão.
– Professor - disse Anderson, olhando para trás na direção de Langdon enquanto tateava às
cegas à procura de um interruptor -, respondendo à sua pergunta, o S de SBB não significa Senado.
Significa sub.
– Sub? - Indagou Langdon, sem entender.
Anderson assentiu e acendeu o interruptor ao lado da porta. Uma única lâmpada iluminava uma
escadaria assustadoramente íngreme que descia rumo ao mais completo breu.
– SBB quer dizer subbasement. É o segundo subsolo do Capitólio.

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