terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Capítulo 39 (O Simbolo Perdido)


CAPÍTULO 39

Robert Langdon não conseguia tirar os olhos da abertura na parede do fundo da sala. Atrás da
lona, fora aberto um buraco na forma de um quadrado perfeito. Essa abertura, com cerca de 70
centímetros de altura, parecia ter sido feita removendo uma série de tijolos. Por alguns instantes, no
escuro, Langdon pensou que o buraco fosse uma janela para outra sala. Agora via que não.
A abertura se estendia apenas alguns centímetros para dentro da parede. Como um oratório
grosseiro, aquele compartimento fez Langdon pensar no nicho de um museu destinado a exibir
alguma estatueta. De modo apropriado, havia um pequeno objeto exposto ali.
Com quase 25 centímetros de altura, era um pedaço de granito maciço esculpido. A superfície
era elegante e lisa, com quatro laterais polidas que reluziam à luz da vela. Langdon não podia
imaginar o que aquilo estava fazendo ali. Uma pirâmide de pedra?
– Pela sua cara de surpresa - comentou Sato com ar vitorioso -, imagino que esse objeto não
seja típico de uma Câmara de Reflexões.
Langdon fez que não com a cabeça.
– Então talvez o senhor queira reavaliar o que disse sobre a lenda de uma Pirâmide Maçônica
escondida em Washington.
– Seu tom agora beirava a arrogância.
– Senhora - retrucou Langdon sem demora -, esta pequena pirâmide não é a Pirâmide
Maçônica.
– Então é só coincidência termos encontrado uma pirâmide escondida no coração do Capitólio
dentro de uma sala pertencente a um líder maçom?
Langdon esfregou os olhos e tentou clarear os pensamentos.
– Minha senhora, esta pirâmide não se parece em nada com o mito. A Pirâmide Maçônica é
descrita como algo imenso, com um cume de ouro maciço.
Além disso, Langdon sabia que aquela pequena pirâmide - cujo topo era achatado - não era
sequer uma pirâmide de verdade. Sem a ponta, aquilo era um símbolo totalmente diferente.
Conhecido como Pirâmide Inacabada, era um lembrete de que a ascensão do homem ao seu potencial
máximo era uma obra em progresso. Embora poucos se dessem conta, aquele era o símbolo mais
divulgado do mundo. Mais de 20 bilhões em circulação. Estampada em cada nota de um dólar, a
Pirâmide Inacabada esperava com paciência pela pedra reluzente que a completaria - e que pairava
acima dela como uma recordação do destino ainda não cumprido dos Estados Unidos e do trabalho a
ser feito, tanto pelo país quanto por seus cidadãos.

– Tire-a daí. - Disse Sato para Anderson, indicando a pirâmide. - Quero ver mais de perto. - Ela
começou a abrir espaço em cima da mesa, empurrando a caveira e os ossos cruzados para o lado sem
um pingo de respeito.
Langdon estava começando a se sentir parte de um bando de reles ladrões de tumbas
profanando um santuário particular. Anderson contornou Langdon, estendendo os braços para dentro
do nicho e segurando a pirâmide com as duas mãos enormes. Então, quase sem conseguir erguê-la
naquele ângulo esquisito, deslizou a pirâmide na sua direção e arriou-a sobre a mesa de madeira,
produzindo um baque seco. Em seguida, recuou alguns passos para dar espaço a Sato. A diretora
aproximou a vela da pirâmide e estudou sua superfície polida. Vagarosamente, alisou-a com seus
pequenos dedos, examinando cada centímetro do topo achatado e depois as laterais. Envolveu-a com
as mãos para tatear a parte traseira e então franziu as sobrancelhas, aparentemente decepcionada.
– Professor, o senhor disse que a Pirâmide Maçônica tinha sido construída para proteger
informações secretas.
– Sim, essa é a lenda.
– Então, hipoteticamente falando, se o sequestrador de Peter acreditasse que esta aqui é a
Pirâmide Maçônica, acreditaria que ela contém informações poderosas.
Langdon concordou, irritado.
– Sim, mas mesmo que ele encontrasse essas informações, é provável que não fosse capaz de
lê-las. Segundo a lenda, o conteúdo da pirâmide está em código, o que o torna indecifrável... A não
ser para os merecedores.
– O que foi que o senhor disse?
Apesar da impaciência crescente, Langdon respondeu em tom neutro.
– Os tesouros mitológicos são sempre protegidos por testes de merecimento. Na lenda da
Espada na Pedra, como a senhora deve se lembrar, a pedra se recusa a entregar Excalibur a não ser
para Arthur, que estava espiritualmente preparado para manejar o espantoso poder que ela possuía. A
Pirâmide Maçônica tem por base a mesma ideia. No caso dela, o tesouro são as informações que
estariam escritas em linguagem cifrada, uma língua mística de palavras perdidas, legível apenas por
quem for merecedor.
Um débil sorriso atravessou os lábios de Sato.
– Isso talvez explique por que o senhor foi convocado a vir até aqui hoje.
– Como é que é?
Com calma, Sato virou a pirâmide sem tirá-la do lugar, girando-a 180 graus. O quarto lado da
pirâmide foi então iluminado pela vela.
Robert Langdon encarou aquilo, surpreso.
– Está parecendo - disse Sato - que alguém considera o senhor merecedor.

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