terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Capítulo 42 (O Simbolo Perdido)


CAPÍTULO 42

O senhor negro que conduzia Langdon pelo labirinto subterrâneo do Capitólio era obviamente
uma pessoa poderosa. Além de conhecer bem o caminho por todos aqueles corredores secundários e
câmaras internas, o elegante desconhecido tinha um molho de chaves que parecia destrancar todas as
portas que impediam sua passagem. Langdon o seguiu, galgando às pressas uma escada
desconhecida. Enquanto subiam, sentia a correia de couro de sua bolsa cortar-lhe o ombro. A
pirâmide de pedra era tão pesada que Langdon temia que a alça acabasse se partindo. Os últimos
minutos transcorridos desafiavam qualquer lógica, e Langdon se surpreendeu avançando unicamente
por instinto. Além de impedir que ele fosse preso por Sato, o desconhecido tinha agido de forma
arriscada para proteger a misteriosa pirâmide de Peter Solomon. Seja ela o que for. Embora sua
motivação ainda fosse um mistério, Langdon vislumbrara na mão do homem um cintilar de ouro
revelador: um anel maçônico com a fênix de duas cabeças e o número 33. Aquele homem e Peter
Solomon eram mais do que amigos de confiança. Eram irmãos maçons do mais alto grau. Langdon
seguiu o homem até o alto da escada e entrou em outra passagem, atravessando em seguida uma
porta sem nada escrito que conduzia a um corredor de serviço. Passaram por caixas de material e
sacos de lixo, dobrando na direção de uma porta de serviço que os fez adentrar um mundo totalmente
inesperado - uma espécie de sala de cinema com poltronas acolchoadas. O homem mais velho os
conduziu até o corredor lateral e através das portas principais rumo a um saguão espaçoso e
iluminado. Langdon então percebeu que estavam no centro de visitantes pelo qual ele havia entrado
mais cedo naquela noite.
Infelizmente, um agente da polícia do Capitólio também estava ali.
Quando se viram frente a frente, os três pararam e se entreolharam. Langdon reconheceu o
rapaz hispânico de horas atrás, quando havia passado pela máquina de raios X. 
– Agente Nuñez - disse o senhor negro -, não diga nada. Venha comigo.
O segurança pareceu pouco à vontade, mas obedeceu sem questionar.
Quem é esse cara?
Os três seguiram apressados em direção à ala sudeste do centro de visitantes, chegando a um
pequeno hall e a uma série de portas pesadas interditadas por cones laranja. As portas estavam
lacradas com fita adesiva, aparentemente para proteger o local da poeira produzida pelo que quer que
estivesse acontecendo do outro lado. O homem estendeu a mão e retirou a fita adesiva da porta. Em
seguida, correu os dedos pelo molho de chaves enquanto falava com o segurança.

– Nosso amigo chefe Anderson está no segundo subsolo. Talvez esteja ferido. É melhor ir ver
como ele está.
– Sim, senhor. - Nuñez parecia perplexo e alarmado.
– E o que é mais importante: você não nos viu. - O homem encontrou uma chave e a retirou do
chaveiro, usando-a para abrir o pesado trinco. Então descerrou a porta de aço e atirou a chave para o
segurança. - Tranque esta porta depois que entrarmos. Recoloque a fita da melhor maneira que
conseguir. Ponha a chave no bolso e não diga nada. Para ninguém. Nem mesmo para o chefe.
Entendido, agente Nuñez?
O segurança olhou para a chave como se houvessem acabado de lhe confiar uma pedra
preciosa.
– Entendido, senhor.
O homem passou depressa pela porta e Langdon foi atrás. O segurança fechou o trinco atrás
deles e Langdon pode ouvi-lo recolocando a fita adesiva.
– Professor Langdon - disse o homem enquanto os dois desciam rapidamente um corredor de
aspecto moderno obviamente ainda em obras -, meu nome é Warren Bellamy. Peter Solomon é um
grande amigo meu.
Langdon lançou um olhar de espanto para o homem imponente. O senhor é Warren Bellamy?
Ele nunca tinha encontrado o Arquiteto do Capitólio, mas com certeza conhecia seu nome.
– Peter fala do senhor com muito respeito. - Disse Bellamy. - Sinto muito por estarmos nos
conhecendo nestas circunstâncias terríveis.
– Peter está correndo grande perigo. A mão dele...
– Eu sei. - Bellamy parecia amargurado. - Infelizmente, acho que isso não é nem metade da
história.
Eles chegaram ao final da parte iluminada do corredor, que a partir daquele ponto fazia uma
curva abrupta para a esquerda. O trecho restante, aonde quer que levasse, estava escuro feito breu. 
– Espere. - Falou Bellamy, desaparecendo dentro de uma casa de máquinas próxima dali, da
qual grossas extensões elétricas laranja serpeavam, afastando-se deles rumo à escuridão do corredor.
Langdon aguardou enquanto Bellamy fuçava lá dentro. O Arquiteto provavelmente havia
localizado o interruptor que alimentava as extensões, porque de repente, o caminho diante deles se
iluminou.
Ficar olhando foi o máximo que Langdon conseguiu fazer. Assim como Roma, Washington era
uma cidade crivada de passagens secretas e túneis subterrâneos. O corredor à sua frente fazia
Langdon pensar no Passetto, o túnel que ligava o Vaticano ao Castelo Sant'Angelo. Longo. Escuro.
Estreito. No entanto, ao contrário do antigo Passetto, aquele corredor era moderno e ainda não estava 
pronto. Era um canteiro de obras apertado, tão comprido que parecia se estreitar até desaparecer ao
longe. A única iluminação era proporcionada por uma série de lâmpadas temporárias espaçadas, que
pouco faziam além de acentuar a inacreditável extensão do túnel. Bellamy já estava avançando pelo
corredor.
– Venha comigo. Cuidado onde pisa.
Langdon começou a seguir Bellamy, perguntando-se aonde aquele túnel poderia levar.

Naquela mesma hora, Mal'akh saiu do Galpão 3 e desceu às pressas o corredor principal do
CAMS em direção ao Galpão 5. Segurava na mão o cartão de acesso de Trish e sussurrava baixinho:
– 0-8-0-4.
Outra coisa também circulava por sua mente. Ele tinha acabado de receber um recado urgente
do Capitólio. Meu contato encontrou dificuldades imprevistas. Ainda assim, as notícias eram boas:
Robert Langdon agora estava de posse tanto da pirâmide quanto do cume. Apesar da maneira
inesperada como tudo havia acontecido, as peças fundamentais estavam se encaixando. Era quase
como se o próprio destino estivesse guiando os acontecimentos daquela noite, garantindo a vitória de
Mal'akh.

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