quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Capítulo 5 (O Simbolo Perdido)



CAPÍTULO 5

O maior e tecnologicamente mais avançado museu do mundo é também um dos segredos mais
bem guardados da face da Terra. Ele abriga mais peças do que o Hermitage, o Museu do Vaticano e o
Metropolitan de Nova York... Juntos. No entanto, apesar da magnífica coleção, poucos cidadãos
comuns têm acesso a suas instalações superprotegidas. Situado no número 4.210 da Avenida Silver
Hill, logo depois dos limites da cidade de Washington, o museu é um imenso edifício em zigue-
zague, constituído por cinco blocos interligados - cada um deles maior do que um campo de futebol.
O exterior de metal azulado do complexo não dá nenhuma pista da estranheza que existe lá dentro -
um mundo alienígena de quase 56 mil metros quadrados do qual fazem parte uma "zona morta", um
"galpão molhado" e quase 20 quilômetros de armários.
Naquela noite, a cientista Katherine Solomon estava um pouco nervosa ao conduzir seu Volvo
branco até o portão de segurança principal do complexo. O guarda sorriu.
– Não gosta de futebol americano, Sra. Solomon? - Ele abaixou o volume da TV portátil que
transmitia o show que precedia o play-off dos Redskins.
Katherine forçou um sorriso tenso.
– Hoje é domingo à noite.
– Ah, é mesmo. A sua reunião.
– Ele já chegou? - perguntou ela, ansiosa.
O guarda baixou os olhos para alguns papéis.
– Não estou vendo o nome dele no registro.
– Eu cheguei cedo. - Katherine deu um aceno simpático e continuou subindo o sinuoso acesso
até sua vaga no fundo do pequeno estacionamento em dois níveis. Começou a recolher seus
pertences e usou o retrovisor para dar uma rápida conferida no visual, mais por força do hábito do
que por vaidade. Katherine Solomon tinha sido abençoada com a pele mediterrânea resistente de seus
ancestrais e, mesmo aos 50 anos, sua tez continuava lisa e morena. Ela estava quase sem maquiagem
e usava os grossos cabelos pretos soltos e ao natural. Assim como Peter, seu irmão mais velho, tinha
olhos acinzentados e uma elegância esguia, aristocrática.
Vocês poderiam muito bem ser gêmeos, as pessoas sempre lhes diziam.
O pai deles havia sucumbido a um câncer quando Katherine tinha apenas 7 anos, e ela quase
não se lembrava dele. Na ocasião, o irmão, com apenas 15 anos, oito a mais do que ela, teve que
iniciar sua jornada para se tornar o patriarca dos Solomon, muito antes do que qualquer pessoa


jamais havia sonhado. Como era de esperar, porém, Peter se adaptara ao papel com dignidade e força
à altura do nome da família. Até hoje, cuidava de Katherine como se os dois ainda fossem crianças.
Apesar dos empurrõezinhos ocasionais do irmão e de não lhe faltarem pretendentes, Katherine
nunca havia se casado. A ciência se tornara sua parceira de vida, e seu trabalho se revelara mais
recompensador e estimulante para ela do que qualquer homem jamais poderia desejar ser. Katherine
não se arrependia de nada.
A disciplina que ela havia escolhido - ciência noética - era praticamente desconhecida quando
Katherine ouvira falar nela na primeira vez, mas nos últimos anos tinha começado a abrir novas
portas para a compreensão do poder da mente humana.
O nosso potencial desconhecido é realmente impressionante. Os dois livros de Katherine sobre
noética a haviam firmado como líder nessa disciplina obscura, mas as suas mais recentes
descobertas, quando publicadas, prometiam transformar a ciência noética em assunto de conversas
mundo afora. Naquela noite, no entanto, ela estava pensando em tudo menos em ciência. Mais cedo,
tinha recebido informações preocupantes sobre o irmão. Ainda não consigo acreditar que seja
verdade. Não havia pensado em mais nada a tarde inteira.
Com uma chuva fina tamborilando em seu pára-brisa, Katherine juntou rapidamente suas
coisas para entrar. Estava prestes a descer do carro quando seu celular tocou. Ela viu o nome de
quem estava ligando e respirou fundo. Então ajeitou os cabelos atrás das orelhas e se acomodou para
atender.

A uns 10 quilômetros dali, Mal'akh percorria os corredores do prédio do Capitólio com um
celular colado à orelha. Esperou pacientemente enquanto o telefone tocava do outro lado. Por fim,
uma voz de mulher atendeu.
– Sim?
– Precisamos nos encontrar de novo - disse Mal'akh. Houve uma longa pausa.
– Está tudo bem?
– Tenho novas informações - disse Mal'akh.
– Pode falar. - Mal'akh respirou fundo.
– Aquilo que seu irmão acredita que está escondido na capital...?
– Sim.
– Pode ser encontrado. - Katherine Solomon soou espantada.
– Está me dizendo que... É real? - Mal'akh sorriu.
Às vezes uma lenda que dura muitos séculos... Tem um motivo para durar.

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