CAPÍTULO 52
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Mal'akh podia sentir os músculos tatuados de suas costas se
retesarem enquanto contornava o
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prédio, correndo pelo caminho de volta em direção à porta deslizante do Galpão 5. Preciso entrar no
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laboratório dela.
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A fuga de Katherine tinha sido um imprevisto e era um problema.
Ela não só sabia onde
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Mal'akh morava, como também conhecia sua verdadeira
identidade... E sabia que ele era o mesmo
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homem que invadira sua casa 10 anos antes. Mal'akh tampouco
havia se esquecido daquela noite.
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Estivera prestes a conseguir a pirâmide, mas o destino o impedira. Eu
ainda não estava preparado.
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Mas agora se sentia confiante. Mais poderoso. Mais influente.
Depois de ter suportado dificuldades
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inimagináveis para preparar seu retorno, naquela noite Mal'akh estava
pronto para finalmente
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cumprir seu destino. Tinha certeza de que, antes de a noite
terminar, olharia nos olhos de Katherine
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Solomon no instante de sua morte.
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Ao chegar à porta de correr, Mal'akh se reconfortou dizendo a si mesmo que
Katherine, na
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verdade, não tinha fugido; havia apenas adiado o inevitável. Passou pela abertura e
atravessou com
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confiança a escuridão até seus pés tocarem o carpete. Então dobrou à direita e tomou a direção do
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Cubo. As batidas na porta do Galpão 5 haviam cessado, e Mal'akh
desconfiava que, àquela altura, o
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vigia estivesse tentando retirar a moeda de 10 centavos que ele
havia enfiado na leitora do cartão.
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Quando Mal'akh chegou à porta de entrada do Cubo, inseriu o
cartão de acesso de Trish e o
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painel numérico se acendeu. Digitou a senha da assistente e entrou. As
luzes estavam todas acesas e,
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ao adentrar o espaço estéril, ele apertou os olhos, admirado,
diante da reluzente coleção de
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equipamentos. Mal'akh conhecia o poder da tecnologia. Praticava
sua própria forma de ciência no
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porão de casa e, na noite anterior, parte dessa ciência tinha dado frutos. A Verdade.
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O singular confinamento de Peter Solomon - preso sozinho no
mundo intermediário - havia
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revelado tudo o que ele escondia em seu íntimo. Eu posso ver a alma dele.
Mal'akh já suspeitava de
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alguns dos segredos que havia desvendado, mas não de outros, entre eles a informação relativa ao
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laboratório de Katherine e às suas chocantes descobertas. A ciência está chegando perto, percebera
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Mal'akh. E eu não vou permitir que ela ilumine o
caminho dos indignos.
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Katherine tinha começado seu trabalho ali usando a ciência moderna para responder a antigos
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questionamentos filosóficos. Alguém ouve as nossas preces? Existe vida
após a morte? Os seres
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humanos têm alma? De forma inacreditável, Katherine havia respondido a
todas essas perguntas e a
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outras também. Respostas científicas. Conclusivas. Usando métodos irrefutáveis. Até mesmo os mais
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publicadas e divulgadas, uma mudança fundamental iria se iniciar na
consciência humana. Eles
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começarão a encontrar o caminho. A última missão de Mal'akh naquela noite, antes de
sua
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transformação, era garantir que isso não acontecesse.
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Enquanto andava pelo laboratório, Mal'akh localizou a sala de
armazenamento de dados sobre
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a qual Peter tinha lhe falado. Espiou através do vidro grosso e viu as duas
unidades holográficas.
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Exatamente como ele descreveu. Mal'akh achava difícil imaginar que o conteúdo daquelas caixinhas
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pudesse mudar o curso da evolução humana, mas a Verdade sempre fora
o mais potente dos
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catalisadores. Sem desgrudar os olhos das unidades holográficas de armazenamento, Mal'akh
sacou o
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cartão de acesso de Trish e o inseriu no painel de segurança da porta. Para sua surpresa, ele não se
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acendeu. Ao que parecia, Trish Dunne não tinha acesso àquela sala. Então ele pegou o cartão que
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havia encontrado no bolso do jaleco de Katherine. Quando o
inseriu, o painel se iluminou.
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Mas Mal'akh tinha um problema. Não peguei a senha de Katherine. Ele
tentou a de Trish, mas
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não funcionou. Esfregando o queixo, deu um passo para trás e examinou a porta de plexiglas de
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quase oito centímetros de espessura. Mesmo com um
machado, sabia que não conseguiria arrombá-la
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para chegar aos drives que precisava destruir. Mal'akh, no
entanto, havia pensado nessa
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eventualidade. Na sala de máquinas, exatamente como Peter tinha
descrito, ele localizou o suporte
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que continha vários cilindros de metal parecidos
com grandes tanques de mergulho. Os cilindros
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ostentavam as letras LH, o número 2 e o símbolo universal de material inflamável. Um deles estava
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conectado ao gerador de hidrogênio do laboratório.
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Mal'akh deixou no lugar o cilindro que estava conectado e ergueu
cuidadosamente um dos que
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serviam de reserva, baixando-o até um carrinho ao lado do suporte. Então o empurrou para fora da
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sala de máquinas e atravessou o laboratório, levando-o até a porta de plexiglas da sala de
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armazenamento de dados. Embora ali com certeza já fosse perto o suficiente para o que
estava
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planejando, ele havia notado um ponto fraco na pesada porta de
segurança - o pequeno espaço entre a
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borda inferior e o batente. Com todo o cuidado, deitou o
cilindro de lado na soleira, inserindo o tubo
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flexível de borracha por debaixo da porta. Levou alguns instantes
para remover os lacres de proteção
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e chegar à válvula do tanque, destravando-a com muita delicadeza. Através do plexiglas, pôde ver o
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líquido cristalino e borbulhante começar a vazar pelo tubo para o chão da sala. Mal'akh ficou
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olhando a poça aumentar, escorrendo pelo piso,
fumegando e borbulhando enquanto crescia. O
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hidrogênio só permanecia em estado líquido a baixas temperaturas. Por
isso, à medida que se
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aquecesse, ele começaria a evaporar. Por sorte, o gás resultante era ainda mais inflamável do que o
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líquido.
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Basta lembrar a explosão do Hindenburg. Mal'akh voltou
depressa para o laboratório e pegou
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Levou-a até a porta de plexiglas, satisfeito ao ver que o cilindro de
hidrogênio líquido continuava a
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vazar e que a poça de líquido fumegante dentro da sala de
armazenamento já cobria o piso inteiro,
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rodeando os pedestais que sustentavam as unidades holográficas. Uma bruma esbranquiçada se
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erguia da poça à medida que o hidrogênio líquido se transformava em gás... Preenchendo o pequeno
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espaço.
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Mal'akh ergueu a lata de óleo e despejou uma boa quantidade
dele sobre o cilindro de
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hidrogênio e o tubo, assim como na pequena abertura debaixo da porta.
Então, com todo o cuidado,
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foi saindo do laboratório de costas, deixando um filete
ininterrupto de óleo no chão à medida que
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recuava.
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A atendente responsável pelo disque-emergência de Washington tivera uma noite
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particularmente agitada. Futebol, cerveja e lua cheia, pensou
ela quando outra ligação pipocou em
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sua tela, desta vez de um telefone público em um posto de gasolina da
Suitland Parkway, em
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Anacostia. Provavelmente um acidente de carro.
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– Emergência. - Atendeu ela. - Em que posso ajudar?
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– Acabei de ser atacada no Centro de Apoio dos Museus
Smithsonian. - Disse uma mulher, em
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pânico. - Por favor, mandem a polícia! Silver Hill Road, 4.210!
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– Tudo bem, acalme-se. - Disse a atendente. - A senhora tem
que...
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– Preciso também que mandem a polícia para uma mansão em Kalorama Heights onde acho
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que meu irmão está sendo mantido em cativeiro!
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