terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Capítulo 54 (O Simbolo Perdido)


CAPÍTULO 54

Agitadíssimo, o vigia responsável pelo perímetro do CAMS percorreu correndo a trilha de
cascalho que margeava o complexo. Acabara de receber um telefonema de um segurança lá dentro
dizendo que o painel de acesso do Galpão 5 tinha sido sabotado e que uma luz de segurança indicava
que a porta de correr que dava para a área externa estava aberta.
O que será que está acontecendo?
Quando chegou à porta de correr, viu que de fato ela estava aberta cerca de um metro.
Estranho, pensou. Esta porta só pode ser destrancada por dentro. Ele tirou a lanterna do cinto e
iluminou a escuridão profunda do galpão. Nada. Sem querer pisar lá dentro, avançou só até o limiar e
enfiou a lanterna pela abertura, virando-a para a esquerda e em seguida para a... Duas mãos
poderosas agarraram seu pulso e puxaram-no para o breu. O vigia sentiu seu corpo ser girado por
uma força invisível. Um forte cheiro de etanol invadiu-lhe as narinas. A lanterna saiu voando de sua
mão e, antes de ele sequer conseguir processar o que estava acontecendo, um punho duro feito pedra
colidiu com seu esterno. O vigia desabou no chão de cimento... Grunhindo de dor, enquanto um vulto
alto se afastava dele.
O homem ficou deitado de lado, arquejando à medida que tentava respirar. Sua lanterna estava
ali perto, com o facho se estendendo rente ao piso e iluminando o que parecia uma espécie de lata de
metal. O rótulo dizia ser óleo para bico de Bunsen.
Um isqueiro produziu uma faísca, e a chama laranja iluminou uma forma que quase não
parecia humana. Meu Deus do céu! O vigia mal teve tempo para processar o que estava vendo antes
de a criatura de peito nu se ajoelhar e encostar a chama no chão.
No mesmo instante, uma faixa de fogo se materializou, saltando para longe de onde eles
estavam e correndo para dentro do vazio. Atônito, o vigia olhou para trás, mas a criatura já estava
saindo pela porta de correr e sumindo na noite.
O vigia conseguiu se sentar, fazendo uma careta de dor enquanto seus olhos seguiam o rastro
de fogo. Que diabos! A chama parecia pequena demais para representar perigo, mas foi então que ele
viu algo totalmente aterrorizante. O fogo já não iluminava apenas a escuridão vazia. Tinha avançado
até a parede do fundo do galpão, onde passara a iluminar uma imensa estrutura de cimento. O vigia
nunca tivera permissão para entrar no Galpão 5, mas sabia muito bem o que devia ser aquilo.
O Cubo.
O laboratório de Katherine Solomon.
A chama chispou em linha reta direto para a porta externa do laboratório. O vigia se levantou
cambaleando, sabendo muito bem que o rastro de óleo provavelmente continuava por debaixo da
porta do laboratório... E logo iria iniciar um incêndio lá dentro. No entanto, quando se virou para sair
correndo e buscar ajuda, sentiu uma lufada inesperada de ar passar por ele. Por um breve instante,
todo o Galpão 5 ficou banhado em luz. O vigia não chegou a ver a bola de fogo de hidrogênio
irromper para cima, arrancando o telhado do Galpão 5 e subindo centenas de metros no ar. Tampouco
viu choverem do céu os fragmentos de tela de titânio, equipamentos eletrônicos e gotículas de silício
derretido das unidades holográficas de armazenamento do laboratório.

Katherine Solomon dirigia seu carro rumo ao norte quando viu o súbito clarão no espelho
retrovisor. Um forte estrondo ecoou pelo ar da noite, espantando-a.
Fogos de artifício?, pensou. Será que há algum show no intervalo do jogo dos Redskins?
Ela se concentrou na estrada, ainda pensando na ligação para a emergência que acabara de
fazer do telefone público de um posto de gasolina deserto.
Katherine havia convencido a atendente a mandar a polícia até o CAMS para investigar um
intruso tatuado e, rezava ela, também para encontrar sua assistente, Trish. Além disso, pedira à
atendente que verificasse o endereço do Dr. Abaddon em Kalorama Heights, onde achava que Peter
estava sendo mantido refém.
Infelizmente, ela não conseguira obter o número do celular de Langdon, que não constava do
catálogo. Sem outra alternativa, estava seguindo em alta velocidade em direção à Biblioteca do
Congresso, onde ele lhe dissera que a encontraria.
A aterrorizante revelação da verdadeira identidade do Dr. Abaddon havia mudado tudo.
Katherine já não sabia em quem acreditar. A única certeza era que o mesmo homem que matara sua
mãe e seu sobrinho tantos anos atrás havia capturado seu irmão e tentado matá-la. Quem é esse
louco? O que ele quer? A única resposta que lhe vinha à mente não fazia sentido. Uma pirâmide?
Igualmente incompreensível era o motivo pelo qual aquele homem tinha ido ao seu laboratório
naquela noite. Se queria machucá-la, por que não fizera isso na privacidade de sua casa, mais cedo?
Por que se dera o trabalho de mandar um torpedo e se arriscar a invadir seu laboratório?
Inesperadamente, os fogos de artifício em seu espelho retrovisor ficaram mais intensos e o
clarão inicial foi seguido por uma visão inesperada - uma bola de fogo flamejante que Katherine
pôde ver se erguendo acima da linha das árvores. Mas que diabos é isso? A bola de fogo estava
acompanhada por uma fumaça preta... E não vinha de nenhum lugar próximo ao estádio dos
Redskins. Atônita, ela tentou imaginar que fábrica poderia estar situada atrás daquelas árvores... A
sudeste da rodovia.
Então, como um caminhão a toda a velocidade, a verdade a atingiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário