terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Capítulo 55 (O Simbolo Perdido)


CAPÍTULO 55

Warren Bellamy apertou com urgência os botões de seu celular, tentando novamente entrar em
contato com uma pessoa que acreditava ser capaz de ajudá-los. Langdon o observava, mas sua mente
estava em Peter, tentando atinar a melhor forma de encontrá-lo. Decifre a inscrição, ordenara o
sequestrador de Peter, e ela lhe revelará o local onde está escondido o maior tesouro da
humanidade... Iremos juntos até o esconderijo e faremos a troca. Bellamy desligou. Ninguém
atendia outra vez.
– O que eu não entendo é o seguinte. - Disse Langdon. - Mesmo que eu aceitasse que esse
saber oculto existe e que esta pirâmide de alguma forma indica seu paradeiro subterrâneo... O que é
que estou procurando? Um cofre? Um bunker? -  Bellamy ficou calado por alguns instantes. Então
deu um suspiro relutante e falou com cautela.
– Robert, pelo que escutei ao longo dos anos, a pirâmide conduz a uma escada em caracol.
– Uma escada?
– Isso mesmo. Uma escada que desce para dentro da terra... Muitas centenas de metros.
Langdon não conseguia acreditar no que estava escutando. Ele se inclinou, ficando mais perto
de Bellamy.
– Ouvi dizer que o saber antigo está enterrado lá embaixo.
Robert Langdon se levantou e começou a andar de um lado para outro. Uma escada em caracol
que desce várias centenas de metros para dentro da terra... Em Washington, capital dos Estados
Unidos.
– E ninguém nunca viu essa escada?
– Supostamente a entrada foi coberta por uma imensa pedra. - Langdon deu um suspiro. A ideia
de um túmulo coberto por uma imensa pedra vinha diretamente dos relatos bíblicos sobre o túmulo
de Jesus. Esse híbrido arquetípico era o avô de todos os outros.
– Warren, você acredita que essa mística escada secreta que vai para dentro da terra existe?
– Nunca a vi com meus próprios olhos, mas alguns dos maçons mais velhos juram que ela
existe. Eu estava tentando ligar para um deles agora mesmo.
Langdon seguiu andando de um lado para outro, sem saber mais o que dizer.
– Robert, você me deixa numa posição complicada em relação a esta pirâmide. - O olhar de
Warren Bellamy se endureceu sob o brilho suave da luminária. - Eu não conheço nenhum jeito de
forçar um homem a acreditar no que ele não quer. Mas espero que você entenda seu dever para com
Peter Solomon.
Sim, eu tenho o dever de ajudá-lo, pensou Langdon.
– Não preciso que você acredite no poder que esta pirâmide pode revelar. Nem mesmo na
escada à qual ela supostamente conduz. Mas eu preciso que você acredite que está moralmente
obrigado a proteger esse segredo... Seja ele qual for. - Bellamy gesticulou na direção do pequeno
embrulho em forma de cubo. - Peter lhe confiou o cume porque estava seguro de que você
obedeceria a seu desejo e guardaria segredo. E agora é exatamente isso que você precisa fazer,
mesmo que signifique sacrificar a vida de Peter. - Langdon parou onde estava e girou o corpo.
– O quê?
Bellamy continuou sentado, com uma expressão angustiada porém decidida. 
É isso que ele iria querer. Você precisa esquecer Peter. Ele se foi. Peter cumpriu o dever dele
e fez o melhor que pôde para proteger a pirâmide. Agora é nosso dever garantir que os esforços dele
não tenham sido em vão.
– Não acredito que esteja dizendo isso! - Exclamou Langdon, possesso. - Mesmo que esta
pirâmide seja tudo o que você afirma que é, Peter é seu irmão maçom. Você jurou protegê-lo acima
de todas as coisas, até mesmo do seu país!
– Não, Robert. Um maçom deve proteger seus irmãos acima de todas as coisas... Exceto uma: o
grande segredo que nossa irmandade está guardando para toda a humanidade. Quer eu acredite ou
não que esse saber perdido tem o potencial que a história sugere, jurei mantê-lo longe das mãos de
quem não o merece. E não o entregaria a ninguém... Nem em troca da vida de Peter Solomon.
– Eu conheço vários maçons - falou Langdon com raiva -, incluindo os de grau mais avançado,
e tenho certeza absoluta de que esses homens não juraram sacrificar a vida em nome de uma
pirâmide de pedra. Também tenho certeza absoluta de que nenhum deles acredita em uma escada
secreta que desce até um tesouro enterrado no fundo da terra.
– Há círculos dentro de círculos, Robert. Nem todo mundo sabe tudo.
Langdon soltou o ar com força, tentando controlar as emoções. Assim como todo mundo, ele já
havia escutado os boatos de círculos de elite no interior da Maçonaria. O fato de aquilo ser ou não
verdade parecia irrelevante diante daquela situação.
– Warren, se esta pirâmide e este cume de fato revelam o mais importante segredo maçônico,
então por que Peter me envolveria nisso? Eu sequer pertenço à irmandade... Quanto mais a algum
círculo interno!
– Eu sei, e desconfio que foi justamente por isso que Peter o escolheu como protetor. Esta
pirâmide já foi cobiçada no passado, inclusive por pessoas que se infiltraram em nossa irmandade
por motivos torpes. A decisão de Peter de guardá-la fora da irmandade foi inteligente.
– Você sabia que o cume estava comigo? - Perguntou Langdon.
– Não. E, se Peter contou a alguém, só pode ter sido a um homem. - Bellamy sacou o celular e
apertou a tecla de rediscagem. - E eu até agora não consegui falar com ele. - A ligação caiu em uma
caixa postal e ele desligou. - Bem, Robert, parece que você e eu estamos sozinhos por enquanto. E
temos uma decisão a tomar.
Langdon olhou para seu relógio do Mickey Mouse: 21h42.
– Você entende que o sequestrador de Peter espera que eu decifre esta pirâmide ainda hoje e lhe
diga o que está inscrito nela?
Bellamy ficou sério.
– Ao longo da história, grandes homens já fizeram enormes sacrifícios pessoais para proteger
os Antigos Mistérios. Você e eu devemos fazer o mesmo. - Ele então se levantou. - Temos que ir
andando. Mais cedo ou mais tarde, Sato vai descobrir onde estamos.
– E Katherine? - Perguntou Langdon, sem querer sair dali. - Não estou conseguindo falar com
ela, e ela não ligou de volta.
É óbvio que alguma coisa aconteceu.
– Mas não podemos simplesmente abandoná-la!
– Esqueça Katherine! - disse Bellamy, sua voz assumindo um tom de comando. - Esqueça
Peter! Esqueça todo mundo! Você não entende, Robert, que a tarefa que lhe foi confiada é maior do
que nós todos... Você, Peter, Katherine, eu mesmo? - Ele encarou Langdon. - Nós temos que achar
um lugar seguro para esconder esta pirâmide e este cume longe de...
Um forte estrondo metálico ecoou do grande saguão. Bellamy girou o corpo, seus olhos se
enchendo de medo.
– Foi bem rápido.
Langdon se virou na direção da porta. O barulho parecia ter vindo do balde de metal que
Bellamy posicionara sobre a escada que bloqueava as portas do túnel. Eles estão vindo atrás da
gente.
Então, para surpresa geral, o mesmo barulho se repetiu. Outra vez.
E mais outra.

O morador de rua sentado no banco em frente à Biblioteca do Congresso esfregou os olhos e
ficou olhando a estranha cena que se desenrolava à sua frente.
Um Volvo branco havia acabado de subir o meio-fio, avançar pela calçada deserta e parar com
os pneus cantando em frente à entrada principal da biblioteca. Então, uma bela mulher de cabelos
escuros saltou do carro, olhou ansiosamente em volta e, ao vê-lo, gritou:
– O senhor tem um telefone?
Dona, eu não tenho nem um sapato furado.
Aparentemente se dando conta disso, a mulher subiu correndo a escada em direção às portas de
entrada da biblioteca. Ao chegar lá em cima, agarrou a maçaneta e tentou abrir desesperada cada uma
das três portas gigantescas.
A biblioteca está fechada, dona.
Mas a mulher não pareceu ligar. Agarrou uma das pesadas maçanetas em forma de anel, puxou-
a para trás e a deixou cair com um forte estrondo contra a porta. Depois fez isso de novo. E outra
vez. E mais outra.
Nossa, pensou o homem, ela deve estar mesmo louca por um livro.


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