terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Capítulo 59 (O Simbolo Perdido)


CAPÍTULO 59

Robert Langdon se sentia um cadáver.
Estava deitado de barriga para cima, mãos dobradas sobre o peito, em meio à escuridão total,
confinado num espaço incrivelmente apertado. Embora Katherine estivesse deitada numa posição
parecida, perto da sua cabeça, Langdon não conseguia enxergá-la. Tinha fechado os olhos para não
ter o menor vislumbre da assustadora situação em que se encontrava.
O espaço à sua volta era pequeno. Muito pequeno.
Sessenta segundos antes, quando as portas duplas da sala de leitura tinham desabado, ele e
Katherine haviam seguido Bellamy até o armário octogonal, descido um lance de escada e entrado no
inesperado recinto mais abaixo. Langdon entendera imediatamente onde estavam. No coração do
sistema de distribuição da biblioteca. Parecida com o setor de bagagens de um pequeno aeroporto, a
sala de distribuição tinha várias esteiras rolantes que seguiam em direções diferentes. Como a
Biblioteca do Congresso ocupava três prédios distintos, os livros solicitados na sala de leitura muitas
vezes tinham de ser transportados por grandes distâncias. Isso se dava por meio de um sistema de
esteiras que percorria uma teia de túneis subterrâneos.
Bellamy atravessou imediatamente o recinto até uma porta de aço na qual inseriu seu cartão de
acesso e apertou uma sequência de botões, abrindo-a em seguida com um empurrão. O espaço do
outro lado era escuro, mas, quando a porta se abriu, uma série de luzes ativadas por sensores de
movimento se acendeu.
Quando Langdon olhou para a sala à sua frente, percebeu que estava diante de algo que poucas
pessoas já haviam visto. As estantes da Biblioteca do Congresso. O plano de Bellamy o encheu de
confiança. Que lugar melhor para se esconder do que dentro de um labirinto gigante?
Mas Bellamy não os guiou para o meio das estantes. Em vez disso, escorou a porta com um
livro e tornou a se virar de frente para eles.
– Eu esperava poder explicar muito mais coisas a vocês, mas não temos tempo. - Ele entregou
a Langdon seu cartão de acesso. - Vai precisar disto aqui.
– Você não vem conosco? - Perguntou Langdon. Bellamy fez que não com a cabeça.
– Vocês só vão conseguir se nos separarmos. O mais importante é manter a pirâmide e o cume
em segurança. Langdon não via outra saída a não ser a escada que subia de volta para a sala de
leitura.
– E para onde você vai?
– Vou atraí-los para as estantes, para longe de vocês. - Disse Bellamy. - É tudo que posso fazer
para ajudá-los.
Antes de Langdon ter chance de perguntar por onde ele e Katherine deveriam fugir, Bellamy já
estava tirando um grande caixote de livros de cima de uma das esteiras.
– Deitem na esteira. - Disse Bellamy. - Não deixem as mãos para fora.
Langdon ficou parado olhando. Você não pode estar falando sério! A esteira seguia por uma
curta distância, depois desaparecia dentro de um buraco escuro na parede. A abertura parecia grande
o suficiente para um caixote de livros, mas não muito mais do que isso. Langdon tornou a olhar para
as estantes com uma expressão suplicante.
– Pode esquecer. - Disse Bellamy. - Vai ser impossível se esconder ali com os sensores de
movimento acendendo as luzes.
– Assinatura térmica! - Gritou uma voz lá em cima. - Flancos, convergir!
Katherine pareceu ter escutado a senha para entrar em ação. Subiu na esteira rolante, com a
cabeça a poucos metros da abertura na parede. Então cruzou as mãos por cima do peito como uma
múmia dentro de um sarcófago. Langdon continuou petrificado.
– Robert - instou Bellamy -, se você não quiser fazer isso por mim, faça por Peter.
As vozes lá em cima pareciam mais próximas. Como em um sonho, Langdon se encaminhou
para a esteira. Depositou ali a bolsa de viagem e em seguida subiu, deitando a cabeça aos pés de
Katherine. A esteira de borracha dura estava fria contra suas costas. Ele olhou fixamente para o teto e
teve a sensação de estar no hospital, se preparando para entrar de cabeça dentro de um aparelho de
ressonância magnética.
– Deixe o telefone ligado. - Bellamy disse a Langdon. - Uma pessoa vai ligar em breve... E
oferecer ajuda. Confie nela. - Uma pessoa vai ligar? Langdon sabia que Bellamy vinha tentando
falar com alguém sem conseguir e que mais cedo havia deixado um recado. E, pouco antes, enquanto
desciam correndo a escada em caracol, ele tinha feito uma última tentativa e conseguido completar a
ligação, sussurrando algumas palavras e depois desligando.
– Sigam a esteira até o final. - Disse Bellamy. - E pulem depressa antes que ela dê a volta
completa e retorne para cá. Usem meu cartão de acesso para sair.
– Mas onde nós vamos sair? - Quis saber Langdon.
Bellamy, no entanto, já estava acionando as alavancas. Todas as esteiras da sala ganharam vida
com um zumbido. Com um tranco, Langdon sentiu que estava entrando em movimento e o teto
começou a desfilar sobre sua cabeça. Que Deus me ajude.
Enquanto se aproximava da abertura na parede, Langdon viu Warren Bellamy atravessar
correndo a porta que conduzia às estantes, fechando-a atrás de si. Segundos depois, o professor
penetrou na escuridão, engolido pela biblioteca... No exato momento em que um pontinho brilhante e
vermelho de laser surgiu dançando escada abaixo.

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