CAPÍTULO 59
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Robert Langdon se sentia um cadáver.
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Estava deitado de barriga para cima, mãos dobradas sobre o peito, em meio à escuridão total,
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confinado num espaço incrivelmente apertado. Embora
Katherine estivesse deitada numa posição
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parecida, perto da sua cabeça, Langdon não conseguia enxergá-la. Tinha fechado os olhos para não
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ter o menor vislumbre da assustadora situação em que se encontrava.
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O espaço à sua volta era pequeno. Muito pequeno.
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Sessenta segundos antes, quando as portas duplas da sala de
leitura tinham desabado, ele e
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Katherine haviam seguido Bellamy até o armário octogonal, descido um lance de
escada e entrado no
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inesperado recinto mais abaixo. Langdon entendera imediatamente
onde estavam. No coração do
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sistema de distribuição da biblioteca. Parecida com o setor
de bagagens de um pequeno aeroporto, a
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sala de distribuição tinha várias esteiras rolantes que seguiam
em direções diferentes. Como a
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Biblioteca do Congresso ocupava três prédios distintos, os livros
solicitados na sala de leitura muitas
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vezes tinham de ser transportados por grandes distâncias. Isso se dava por meio de um
sistema de
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esteiras que percorria uma teia de túneis subterrâneos.
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Bellamy atravessou imediatamente o recinto até uma porta de aço na qual inseriu seu cartão de
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acesso e apertou uma sequência de botões, abrindo-a em seguida com um
empurrão. O espaço do
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outro lado era escuro, mas, quando a porta se abriu, uma série de luzes ativadas por sensores
de
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movimento se acendeu.
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Quando Langdon olhou para a sala à sua frente, percebeu que estava
diante de algo que poucas
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pessoas já haviam visto. As estantes da Biblioteca do Congresso. O plano
de Bellamy o encheu de
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confiança. Que lugar melhor para se esconder do que dentro de um
labirinto gigante?
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Mas Bellamy não os guiou para o meio das estantes.
Em vez disso, escorou a porta com um
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livro e tornou a se virar de frente para eles.
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– Eu esperava poder explicar muito mais coisas a vocês, mas não temos tempo. - Ele entregou
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a Langdon seu cartão de acesso. - Vai precisar disto
aqui.
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– Você não vem conosco? - Perguntou Langdon. Bellamy fez que não com a cabeça.
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– Vocês só vão conseguir se nos separarmos. O mais importante é manter a pirâmide e o cume
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em segurança. Langdon não via outra saída a não ser a escada que subia de volta
para a sala de
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leitura.
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– Vou atraí-los para as estantes, para longe de vocês. - Disse Bellamy. - É tudo que posso fazer
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para ajudá-los.
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Antes de Langdon ter chance de perguntar por onde ele e
Katherine deveriam fugir, Bellamy já
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estava tirando um grande caixote de livros de cima de uma das
esteiras.
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– Deitem na esteira. - Disse Bellamy. - Não deixem as mãos para fora.
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Langdon ficou parado olhando. Você não pode estar falando sério! A esteira seguia por uma
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curta distância, depois desaparecia dentro de um buraco escuro na parede. A
abertura parecia grande
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o suficiente para um caixote de livros, mas não muito mais do que isso. Langdon
tornou a olhar para
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as estantes com uma expressão suplicante.
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– Pode esquecer. - Disse Bellamy. - Vai ser impossível se esconder ali com os sensores
de
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movimento acendendo as luzes.
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– Assinatura térmica! - Gritou uma voz lá em cima. - Flancos, convergir!
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Katherine pareceu ter escutado a senha para entrar em ação. Subiu na esteira rolante, com a
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cabeça a poucos metros da abertura na parede. Então cruzou as mãos por cima do peito como uma
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múmia dentro de um sarcófago. Langdon continuou petrificado.
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– Robert - instou Bellamy -, se você não quiser fazer isso por mim, faça por Peter.
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As vozes lá em cima pareciam mais próximas. Como em um sonho, Langdon se
encaminhou
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para a esteira. Depositou ali a bolsa de viagem e em seguida
subiu, deitando a cabeça aos pés de
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Katherine. A esteira de borracha dura estava fria contra suas
costas. Ele olhou fixamente para o teto e
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teve a sensação de estar no hospital, se
preparando para entrar de cabeça dentro de um aparelho de
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ressonância magnética.
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– Deixe o telefone ligado. - Bellamy disse a Langdon. - Uma
pessoa vai ligar em breve... E
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oferecer ajuda. Confie nela. - Uma pessoa vai ligar? Langdon
sabia que Bellamy vinha tentando
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falar com alguém sem conseguir e que mais cedo
havia deixado um recado. E, pouco antes, enquanto
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desciam correndo a escada em caracol, ele tinha feito uma última tentativa e conseguido
completar a
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ligação, sussurrando algumas palavras e depois desligando.
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– Sigam a esteira até o final. - Disse Bellamy. - E pulem
depressa antes que ela dê a volta
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completa e retorne para cá. Usem meu cartão de acesso para sair.
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– Mas onde nós vamos sair? - Quis saber Langdon.
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Bellamy, no entanto, já estava acionando as alavancas.
Todas as esteiras da sala ganharam vida
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com um zumbido. Com um tranco, Langdon sentiu que estava
entrando em movimento e o teto
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começou a desfilar sobre sua cabeça. Que Deus me ajude.
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Enquanto se aproximava da abertura na parede, Langdon viu Warren
Bellamy atravessar
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penetrou na escuridão, engolido pela biblioteca... No
exato momento em que um pontinho brilhante e
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vermelho de laser surgiu dançando escada abaixo.
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