quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Capítulo 6 (O Simbolo Perdido)



CAPÍTULO 6

          – Não pode chegar mais perto? - Robert Langdon sentiu uma súbita onda de ansiedade quando
o motorista parou na Rua 1, a uns bons 400 metros do prédio do Capitólio.
          – Infelizmente não. - Respondeu o motorista. - Segurança nacional. Hoje em dia nenhum
veículo pode se aproximar dos prédios importantes. Sinto muito, senhor.
Langdon verificou o relógio, surpreso ao ver que já eram 18h50. Uma área em obras em torno
do National Mall os atrasara, e sua palestra começaria dali a 10 minutos.
– O tempo está virando - disse o motorista, saltando do carro e abrindo a porta do passageiro. -
É melhor o senhor se apressar. - Langdon fez menção de pegar a carteira, mas o homem o deteve
com um gesto. - O seu anfitrião já me deu uma generosa gorjeta além da tarifa.
Típico de Peter, pensou Langdon, recolhendo suas coisas.
– Está bem, obrigado por me trazer.
As primeiras poucas gotas de chuva começaram a cair quando Langdon pisou na esplanada
central graciosamente curva que descia para a entrada subterrânea de visitantes. O Centro de
Visitantes do Capitólio tinha sido um projeto caro e controverso. Descrito como uma cidade
subterrânea comparável a partes da Disney World, ele supostamente disponibilizava mais de 46 mil
metros quadrados de espaço para exposições, restaurantes e salões de conferência. Langdon estava
curioso para conhecê-lo, embora não tivesse previsto uma caminhada tão longa. O céu ameaçava
desabar a qualquer momento. Ele apressou o passo para uma corrida leve, mas seus sapatos sociais
patinavam no cimento molhado. Eu me vesti para dar uma palestra, não para uma corrida de 400
metros ladeira abaixo na chuva! Quando chegou ao final da esplanada, estava sem ar e ofegante.
Empurrou a porta giratória e parou por alguns instantes no saguão para recuperar o fôlego e secar as
roupas com as mãos. Enquanto fazia isso, ergueu os olhos para o espaço recém-concluído à sua
volta. Confesso que estou impressionado.
O Centro de Visitantes do Capitólio não se parecia em nada com o que ele esperava. Como era
subterrâneo, Langdon estava apreensivo antes de entrar ali. Um acidente na infância o havia deixado
preso durante uma noite inteira dentro de um poço fundo, o que lhe causara uma aversão quase
incapacitante a espaços fechados. Mas, apesar de estar debaixo da terra, aquele lugar era de alguma
forma... Arejado. Leve. Amplo.
O teto era uma vasta superfície de vidro com uma série de impressionantes luminárias que
lançavam um brilho tênue sobre os acabamentos interiores em tom de pérola. Normalmente,
Langdon teria se demorado ali uma hora inteira para admirar a arquitetura, mas, com cinco minutos


faltando para o início da palestra, abaixou a cabeça e percorreu apressado o saguão principal em
direção ao posto de controle de segurança e às escadas rolantes. Relaxe, disse a si mesmo. Peter sabe
que você está a caminho. O evento não vai começar sem você.
No posto de controle, um jovem guarda hispânico conversou com Langdon enquanto ele
esvaziava os bolsos e retirava do pulso o relógio antigo.
– Mickey Mouse? - indagou o guarda, parecendo achar um pouco de graça.
Langdon assentiu, acostumado com aquele tipo de comentário. A edição de colecionador do
relógio do Mickey tinha sido presente dos pais em seu aniversário de 9 anos.
– Uso este relógio para me lembrar de ter calma e levar a vida menos a sério.
– Acho que não está dando certo - comentou o guarda com um sorriso. - O senhor parece muito
apressado.
Langdon sorriu e pôs a bolsa de viagem na esteira de raios X.
– Para que lado fica o Salão das Estátuas?
O guarda fez um gesto em direção às escadas rolantes.
– O senhor vai ver as placas.
– Obrigado. - Langdon pegou a bolsa da esteira e se afastou depressa.
Enquanto a escada rolante subia, ele respirou fundo e tentou organizar os pensamentos. Olhou
para cima, através do teto de vidro salpicado de chuva, para a cúpula iluminada do Capitólio, cujo
formato parecia o de uma montanha. Era uma construção espantosa. A pouco mais de 90 metros de
altura do chão, a estátua Liberdade Armada fitava a escuridão enevoada como uma sentinela
fantasmagórica. Langdon sempre achara irônico o fato de os trabalhadores que haviam erguido cada
pedaço da estátua de bronze de seis metros até lá em cima terem sido escravos - um segredo do
Capitólio que raramente constava do currículo das aulas de História do ensino médio. Na verdade,
todo aquele prédio era uma mina de ouro de mistérios bizarros, que incluíam uma "banheira da
morte" responsável pelo "assassinato" por pneumonia do vice-presidente Henry Wilson, uma
escadaria com uma mancha de sangue indelével na qual um número exagerado de visitantes parecia
tropeçar, e uma câmara lacrada no subsolo dentro da qual, em 1930, trabalhadores descobriram o
falecido cavalo empalhado do general John Alexander Logan. Mas nenhuma lenda era tão longeva
quanto os 13 fantasmas que supostamente assombravam o prédio. Muitos diziam que o espírito do
arquiteto da cidade, Pierre L'Enfant, perambulava pelos salões tentando receber seus honorários, a
essa altura 200 anos atrasados. O fantasma de um operário que caíra da cúpula do Capitólio durante a
construção era visto vagando pelos corredores com uma caixa de ferramentas. E, é claro, a mais
famosa aparição de todas, que teria sido vista diversas vezes no subsolo do Capitólio - um gato preto
efêmero que percorria o sinistro labirinto de passagens estreitas e cubículos da subestrutura. 


Langdon saiu da escada rolante e tornou a verificar as horas. Três minutos. Percorreu apressado
o corredor amplo, seguindo as placas que indicavam o Salão das Estátuas e ensaiando mentalmente
as palavras inaugurais. Precisava admitir que o assistente de Peter tinha razão; o tema de sua palestra
era perfeitamente adequado a um evento organizado em Washington por um célebre maçom.
Não era nenhum segredo a capital norte-americana ter uma rica história maçônica. A própria
pedra angular daquele prédio havia sido assentada por George Washington em pessoa durante um
ritual completo de Maçonaria. A cidade fora concebida e projetada por mestres maçons - George
Washington, Benjamin Franklin e Pierre L'Enfant -, mentes poderosas que enfeitaram sua nova
capital com simbolismo, arquitetura e arte maçônicos.
As pessoas, é claro, projetam nesses símbolos todo tipo de ideias malucas.
Muitos teóricos da conspiração alegam que os pais fundadores dos Estados Unidos esconderam
poderosos segredos e mensagens simbólicas no desenho das ruas de Washington. Langdon nunca deu
importância a isso. Informações equivocadas sobre os maçons eram tão comuns que mesmo alunos
de Harvard pareciam ter noções surpreendentemente distorcidas a respeito da irmandade.
No ano anterior, um calouro havia entrado na sala de aula com os olhos esbugalhados, trazendo
uma página impressa da internet. Era um mapa da capital no qual determinadas ruas haviam sido
destacadas para formar diversos desenhos -pentáculos satânicos, um esquadro e um compasso
maçônicos, a cabeça de Baphomet -, provando aparentemente que os maçons que projetaram
Washington estavam envolvidos em algum tipo de conspiração obscura e mística. 
– Interessante - disse Langdon -, mas está longe de ser convincente. Se você traçar um número
suficiente de linhas de interseção em um mapa, obrigatoriamente vai encontrar todo tipo de forma.
– Mas não pode ser coincidência! - Exclamou o aluno.
Com paciência, Langdon lhe mostrou que as mesmas formas podiam ser desenhadas em um
mapa de Detroit. O rapaz pareceu profundamente desapontado.
– Não desanime - disse Langdon. - Washington de fato tem alguns segredos incríveis... Só que
nenhum deles está neste mapa.
O jovem se empertigou.
– Segredos? De que tipo?
– Toda primavera, eu dou um curso chamado Símbolos Ocultos. Falo muito sobre a capital.
Você deveria se matricular.
– Símbolos ocultos! - O calouro pareceu novamente animado. - Então existem mesmo
símbolos demoníacos na capital! - Langdon sorriu.
– Desculpe, mas a palavra oculto, apesar de remeter a imagens de adoração ao demônio, na
verdade significa "escondido" ou "velado". Em épocas de opressão religiosa, todo conhecimento que


contrariasse a doutrina tinha de ser escondido ou "oculto" e, como a Igreja se sentia ameaçada por
isso, redefiniu tudo o que fosse "oculto" como uma coisa má, e o preconceito perdurou.
– Ah. - O rapaz encurvou os ombros.
Ainda assim, naquela primavera, Langdon reconheceu o rapaz sentado na primeira fila em
meio aos 500 alunos que enchiam o Teatro Sanders de Harvard, uma antiga sala de conferências
cheia de ecos, com assentos de madeira que rangiam.
– Bom dia a todos - exclamou de cima do grande tablado. Ligou um projetor de slides, e uma
imagem se materializou às suas costas. - Enquanto se acomodam, quantos de vocês reconhecem o
prédio desta foto?
– O Capitólio dos Estados Unidos! - ecoaram, em uníssono, dezenas de vozes. - Em
Washington!
– Isso mesmo. Há mais de quatro milhões de quilos de ferro nessa cúpula. Um feito
incomparável de engenhos idade arquitetônica para os anos 1850.
– Surreal! - gritou alguém.
Langdon revirou os olhos, desejando que alguém banisse aquela expressão.
– Muito bem, e quantos de vocês já foram a Washington? Umas poucas mãos se levantaram.
– Só isso? - Langdon fingiu surpresa. - E quantos de vocês já foram a Roma, Paris, Madri ou
Londres?
Quase todas as mãos da sala se levantaram. Como sempre. Um dos ritos de   passagem para os
universitários norte-americanos era viajar de trem pela Europa nas férias de verão antes de encarar a
dura realidade da vida.
– Parece que há mais gente aqui que já visitou a Europa do que a sua própria capital. Qual a
explicação para isso?
– Na Europa não existe idade mínima para beber! - Gritou alguém no fundo da sala.
Langdon sorriu.
– E por acaso a idade mínima daqui impede algum de vocês de beber?
Todos riram.
Era o primeiro dia de aula, e os alunos estavam demorando mais do que de costume para se
acomodarem, remexendo-se e fazendo ranger os bancos de madeira. Langdon adorava lecionar
naquela sala porque podia medir o grau de interesse da turma escutando quanto as pessoas se
agitavam nos bancos.
– Falando sério - disse Langdon -, a arquitetura, a arte e o simbolismo de Washington estão
entre os mais interessantes do mundo. Por que vocês cruzam oceano antes de visitar a sua própria
capital? 


– As coisas mais antigas são mais legais - Disse alguém.
– E por coisas antigas - esclareceu Langdon - suponho que você queira dizer castelos, criptas,
templos, esse tipo de coisa?
Cabeças aquiesceram simultaneamente.
– Muito bem. Mas e se eu dissesse a vocês que Washington tem todas essas coisas? Castelos,
criptas, pirâmides, templos... Está tudo lá.
Os rangidos diminuíram.
– Meus amigos - disse Langdon, baixando a voz e avançando até a beira do tablado -, ao longo
da próxima hora, vocês vão descobrir que o nosso país transborda de segredos e de histórias ocultas.
E, exatamente como na Europa, todos os melhores segredos estão escondidos à vista de todos.
Os bancos de madeira silenciaram por completo. Pronto.
Langdon diminuiu as luzes e passou para o slide seguinte.
– Quem pode me dizer o que George Washington está fazendo aqui?
O slide era de um conhecido mural que mostrava George Washington vestido com os trajes
completos de um maçom, parado diante de uma estranha engenhoca - um gigantesco tripé de madeira
com um sistema de cordas e polias, no qual estava suspenso um imenso bloco de pedra. Um grupo de
espectadores bem-vestidos o rodeava.
– Levantando esse grande bloco de pedra? - arriscou alguém. Langdon não disse nada, pois
preferia, sempre que possível, que algum outro aluno fizesse a correção.
– Na verdade - sugeriu outro aluno -, acho que Washington está baixando a pedra. Ele está
vestido com trajes maçónicos. Já vi imagens de maçons assentando pedras angulares. Na cerimônia
sempre tem essa espécie de tripé para colocar a primeira pedra.
– Excelente - disse Langdon. - O mural mostra o pai do nosso país usando um tripé e uma polia
para assentar a pedra angular do Capitólio em 18 de setembro de 1793, entre 11h15 e 12h30. -
Langdon fez uma pausa, correndo os olhos pela sala. - Alguém pode me dizer o significado dessa
data e hora? - Silêncio.
– E se eu dissesse a vocês que esse momento exato foi escolhido por três famosos maçons:
George Washington, Benjamin Franklin e Pierre L'Enfant, o principal arquiteto da capital?
Mais silêncio.
– A pedra angular foi assentada nessa data e hora simplesmente porque, entre outras coisas, a
auspiciosa Caput Draconis estava em Virgem.
Todos trocaram olhares intrigados.
– Espere aí - disse alguém. - O senhor está falando de... Astrologia?
– Exato. Embora seja uma astrologia diferente da que conhecemos hoje em dia.


Alguém levantou a mão.
– Está querendo dizer que os nossos pais fundadores acreditavam em astrologia?
Langdon deu um sorriso.
– E muito. O que você diria se eu lhe contasse que a cidade de Washington tem mais signos
astrológicos em sua arquitetura do que qualquer outra cidade do mundo... Zodíacos, mapas de
estrelas, pedras angulares assentadas em datas e horários astrológicos precisos? Mais da metade dos
homens que elaboraram a nossa Constituição eram maçons, estavam convencidos de que as estrelas e
o destino eram interligados e prestavam muita atenção à posição dos astros no céu enquanto
estruturavam seu novo mundo.
– Mas essa história toda de a pedra angular do Capitólio ter sido assentada quando Caput
Draconis estava em Virgem... Que diferença faz? Não pode ser só coincidência?
– Uma coincidência impressionante, considerando-se que as pedras angulares das três
estruturas que formam o Triângulo Federal, ou seja, o Capitólio, a Casa Branca e o Monumento a
Washington, foram todas assentadas em anos diferentes, mas tudo foi cuidadosamente programado
para que isso ocorresse exatamente nessas mesmas condições astrológicas.
Langdon se deparou com uma sala cheia de olhos arregalados.
Algumas cabeças se abaixaram à medida que os alunos começavam a tomar notas.
Alguém levantou a mão no fundo da sala.
– Por que eles fizeram isso? - Langdon deu uma risadinha.
– A resposta para essa pergunta é material para um semestre inteiro. Se estiver curioso, deve
fazer meu curso sobre misticismo. Para ser franco, não acho que vocês estejam emocionalmente
preparados para ouvir a resposta.
– Como assim? - gritou o aluno. - Experimente!
Langdon fez uma pausa exagerada, como se estivesse pensando no assunto, e em seguida
balançou a cabeça, brincando com os alunos.
– Desculpe, não posso. Alguns de vocês são calouros. Tenho medo de impressioná-los.
– Conte para a gente! - gritaram todos. Langdon deu de ombros.
– Talvez vocês devessem virar maçons ou membros da Ordem da Estrela do Oriente e
descobrir a resposta na origem.
– A gente não pode entrar - argumentou um rapaz. - Os maçons são uma sociedade super
secreta!
– Super secreta? É mesmo? - Langdon se lembrou do grande anel maçônico que seu amigo
Peter Solomon ostentava com orgulho na mão direita. - Então por que os maçons usam anéis,
prendedores de gravatas ou broches maçônicos à vista de todos? Por que os prédios maçônicos
 

possuem indicações claras? Por que os horários das suas reuniões são publicados no jornal? -
Langdon sorriu ao ver todas as expressões intrigadas. - Meus amigos, os maçons não são uma
sociedade secreta... Eles são uma sociedade com segredos.
– Dá na mesma - murmurou alguém.
É? - desafiou Langdon. - Você diria que a Coca-Cola é uma sociedade secreta?
É claro que não - respondeu o aluno.
– Bom, e se você batesse na sede da corporação e pedisse a receita da Coca-Cola original?
– Eles nunca iriam me dar.
– Exatamente. Para conhecer o maior segredo da Coca-Cola, você precisaria entrar para a
empresa, trabalhar por muitos anos, provar que é de confiança e, depois de muito tempo, alcançar os
mais altos escalões, nos quais essa informação poderia ser compartilhada com você. E então você
assinaria um termo de confidencialidade.
– Então o senhor está dizendo que a Francomaçonaria é como uma grande empresa?
– Só na medida em que tem uma hierarquia rígida e leva a confidencialidade muito a sério.
– Meu tio é maçom - entoou a voz aguda de uma moça. - E a minha tia detesta, porque ele não
conversa sobre isso com ela. Ela diz que a Maçonaria é tipo uma religião estranha.
– Um equívoco muito comum.
– Mas então não é uma religião?
– Façam a prova dos nove - disse Langdon. - Quem aqui assistiu ao curso do professor
Whiterspoon sobre religião comparada?
Várias mãos se levantaram.
– Muito bem. Então me digam, quais são os três pré-requisitos para uma ideologia ser
considerada religião?
– Garantir, acreditar, converter - respondeu uma jovem.
– Correto - disse Langdon. - As religiões garantem a salvação; as religiões acreditam em uma
teologia específica; e as religiões convertem os não fiéis. - Ele fez uma pausa. - Mas a Maçonaria não
se enquadra em nenhum desses três critérios. Os maçons não fazem promessas de salvação, não têm
uma teologia específica, nem tentam converter ninguém. Na verdade, nas lojas maçônicas, conversas
sobre religião são proibidas.
– Então... A Maçonaria é anti-religiosa?
– Pelo contrário. Um dos pré-requisitos para se tornar maçom é que você precisa acreditar em
uma força superior. A diferença entre a espiritual idade maçônica e uma religião organizada é que os
maçons não impõem a esse poder nenhuma definição específica ou nomenclatura. Em vez de
identidades teológicas definitivas como Deus, Alá, Buda ou Jesus, os maçons usam termos mais


genéricos como Ser Supremo ou Grande Arquiteto do Universo. Isso possibilita a união de maçons
de crenças diferentes.
– Parece meio esquisito - comentou alguém.
– Ou, quem sabe, estimulante e libertador? - sugeriu Langdon.
– Nesta época em que culturas diferentes se matam para saber qual é a melhor definição de
Deus, poderíamos afirmar que a tradição maçônica de tolerância e liberdade é louvável. - Langdon
caminhou pelo tablado. - Além do mais, a Maçonaria está aberta a homens de todas as raças, cores e
credos, e proporciona uma fraternidade espiritual que não faz qualquer tipo de discriminação.
– Não faz discriminação? - Uma integrante da Associação de Alunas da universidade se
levantou. - Quantas mulheres têm permissão para serem maçons, professor Langdon? - Langdon
ergueu as mãos, rendendo-se.
– Bem colocado. As raízes tradicionais da Francomaçonaria são as guildas de pedreiros da
Europa, o que a tornava, portanto, uma organização masculina. Centenas de anos atrás, há quem diga
que em 1703, foi fundado um braço feminino chamado Estrela do Oriente. Essa organização possui
mais de um milhão de integrantes.
– Mesmo assim - disse a mulher -, a Maçonaria é uma organização poderosa da qual as
mulheres estão excluídas. Langdon não sabia ao certo quão poderosos os maçons ainda eram e não
estava disposto a enveredar por essa seara. As opiniões sobre os maçons modernos iam de um bando
de velhotes inofensivos que gostavam de se fantasiar... Até um conluio secreto de figurões que
controlava o mundo. A verdade estava sem dúvida em algum lugar entre essas duas concepções.
– Professor Langdon - disse um rapaz de cabelos encaracolados na última fileira -, se a
Maçonaria não é uma sociedade secreta, nem uma empresa, nem uma religião, então o que é?
– Bem, se você perguntasse isso a um maçom, ele daria a seguinte definição: a
Francomaçonaria é um sistema de moralidade envolto em alegoria e ilustrado por símbolos.
– Isso me parece um eufemismo para "seita de malucos".
– Malucos, você disse?
É isso aí! - disse o aluno, levantando-se. - Sei muito bem o que eles fazem dentro desses
prédios secretos! Rituais esquisitos à luz de velas, com caixões, forcas e crânios cheios de vinho para
beber. Isso, sim, é maluquice!
Langdon correu os olhos pela sala.
– Alguém mais acha que isso é maluquice?
– Sim! - entoaram os alunos em coro. Langdon deu suspiro fingido de tristeza.
– Que pena. Se isso é maluco demais para vocês, então sei que nunca vão querer entrar para a
minha seita.


Um silêncio recaiu sobre a sala. A integrante da Associação de Alunas pareceu incomodada.
– O senhor faz parte de uma seita?
Langdon assentiu com a cabeça e baixou a voz até um sussurro conspiratório.
– Não contem para ninguém, mas, no dia em que o deus-sol Rá é venerado pelos pagãos, eu me
ajoelho aos pés de um antigo instrumento de tortura e consumo símbolos ritualísticos de sangue e
carne.
A turma toda fez uma cara horrorizada. Langdon deu de ombros.
– E, se algum de vocês quiser se juntar a mim, vá à capela de Harvard no domingo, ajoelhe-se
diante da cruz e faça a santa comunhão.
A sala continuou em silêncio. Langdon deu uma piscadela.
– Abram a mente, meus amigos. Todos nós tememos aquilo que foge à nossa compreensão.

As badaladas de um relógio começaram a ecoar pelos corredores do Capitólio. Sete horas.
Àquela altura, Robert Langdon estava correndo. Isso é o que eu chamo de entrada dramática.
Ao passar pelo corredor de ligação da Câmara, viu a entrada do Salão Nacional das Estátuas e se
encaminhou direto para lá.
Ao se aproximar da porta, diminuiu o passo até um ritmo descontraído e respirou fundo várias
vezes. Abotoando o paletó, ergueu o queixo só um pouquinho e fez a curva bem na hora em que
soava a última badalada. Hora do show.
Ao entrar no salão, o professor Robert Langdon ergueu os olhos e abriu um sorriso caloroso.
Um segundo depois, o sorriso evaporou. Ele estacou na hora. Alguma coisa estava muito, muito
errada.


Um silêncio recaiu sobre a sala. A integrante da Associação de Alunas pareceu incomodada.
– O senhor faz parte de uma seita?
Langdon assentiu com a cabeça e baixou a voz até um sussurro conspiratório.
– Não contem para ninguém, mas, no dia em que o deus-sol Rá é venerado pelos pagãos, eu me
ajoelho aos pés de um antigo instrumento de tortura e consumo símbolos ritualísticos de sangue e
carne.
A turma toda fez uma cara horrorizada. Langdon deu de ombros.
– E, se algum de vocês quiser se juntar a mim, vá à capela de Harvard no domingo, ajoelhe-se
diante da cruz e faça a santa comunhão.
A sala continuou em silêncio. Langdon deu uma piscadela.
– Abram a mente, meus amigos. Todos nós tememos aquilo que foge à nossa compreensão.

As badaladas de um relógio começaram a ecoar pelos corredores do Capitólio. Sete horas.
Àquela altura, Robert Langdon estava correndo. Isso é o que eu chamo de entrada dramática.
Ao passar pelo corredor de ligação da Câmara, viu a entrada do Salão Nacional das Estátuas e se
encaminhou direto para lá.
Ao se aproximar da porta, diminuiu o passo até um ritmo descontraído e respirou fundo várias
vezes. Abotoando o paletó, ergueu o queixo só um pouquinho e fez a curva bem na hora em que
soava a última badalada. Hora do show.
Ao entrar no salão, o professor Robert Langdon ergueu os olhos e abriu um sorriso caloroso.
Um segundo depois, o sorriso evaporou. Ele estacou na hora. Alguma coisa estava muito, muito
errada.

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