quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Capítulo 7 (O Simbolo Perdido)



CAPÍTULO 7

Katherine Solomon atravessou apressada o estacionamento sob a chuva fria, desejando estar
usando algo mais do que uma calça jeans e um suéter de caxemira. Ao se aproximar da entrada
principal do complexo, o ronco dos gigantescos purificadores de ar ficou mais alto. Ela mal os
escutou, pois seus ouvidos ainda estavam zumbindo por causa do telefonema que acabara de receber.
Aquilo que seu irmão acredita que está escondido na capital... Pode ser encontrado.
Katherine achava isso quase impossível. Ela e a pessoa do telefone ainda tinham muito a
conversar e haviam combinado fazer isso mais tarde naquela noite.
Quando chegou à entrada principal, ela se viu invadida pela mesma empolgação que sempre
sentia ao entrar no edifício gigantesco. Ninguém sabe que este lugar existe. A placa na porta dizia:

CENTRO DE APOIO DOS MUSEUS SMITHSONIAN
(CAMS)

Apesar de contar com mais de uma dúzia de enormes museus no National Mall, o Instituto
Smithsonian possuía uma coleção tão descomunal que apenas 2% do acervo podia ser exibido ao
mesmo tempo. Os outros 98% precisavam ser guardados em algum lugar. E o lugar... Era ali.
Não era de espantar que aquele complexo abrigasse uma coleção de artefatos
surpreendentemente diversificada: Budas gigantes, códices escritos à mão, dardos envenenados da
Nova Guiné, facas incrustadas de jóias, um caiaque feito de osso de baleia. Igualmente de cair o
queixo eram os tesouros naturais do complexo: fósseis de plesiossauro, uma coleção de meteoritos de
valor inestimável, uma lula gigante e até mesmo uma coleção de crânios de elefante trazida por
Teddy Roosevelt de um safári na África.
Mas não fora por nenhum desses motivos que o secretário do Smithsonian, Peter Solomon,
havia levado sua irmã ao CAMS três anos antes. Ele a chamara até ali não para ver maravilhas
científicas, mas sim para criá-las. E era exatamente isso o que Katherine vinha fazendo.
Bem lá no fundo desse complexo, na escuridão de seus recantos mais remotos, havia um
pequeno laboratório científico diferente de todos os outros do mundo. As recentes descobertas feitas
ali por Katherine no campo da ciência noética tinham ramificações em todas as disciplinas - da física
à história, à filosofia e à religião. Logo tudo irá mudar, pensou ela.
Quando Katherine chegou ao saguão, o guarda que ocupava o balcão da entrada guardou
rapidamente o rádio e arrancou das orelhas os fones de ouvido.


– Sra. Solomon! - Ele deu um largo sorriso.
– Redskins?
Ele corou, fazendo cara de culpado.
– O jogo ainda não começou.
Ela sorriu.
– Não vou dedurar você. - Então andou até o detector de metais e esvaziou os bolsos. Ao tirar
do pulso o Cartier de ouro, sentiu a costumeira pontada de tristeza. O relógio fora presente da mãe no
seu aniversário de 18 anos. Quase 10 anos já haviam transcorrido desde que a mãe morrera de forma
violenta... Seu corpo aninhado em seus braços.
– Então, Sra. Solomon? - sussurrou o guarda em tom de brincadeira. - Algum dia vai contar a
alguém o que está fazendo lá atrás?
Ela ergueu os olhos.
– Algum dia, Kyle. Hoje não.
– Por favor - insistiu ele. - Um laboratório secreto... Dentro de um museu secreto? A senhora
deve estar fazendo alguma coisa bacana.
Muito mais que bacana, pensou Katherine enquanto juntava seus pertences. A verdade era que
ela estava praticando uma ciência tão avançada que nem sequer parecia mais ciência.
 

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