quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Simbolo Perdido



FATOS

Em 1991, um documento foi trancado no cofre do diretor da CIA. O documento continua lá até
hoje. Seu texto em código inclui referências a um antigo portal e a uma localização subterrânea
desconhecida. O documento também contém a frase: "Está enterrado lá em algum lugar"!

Todas as organizações citadas neste romance existem, incluindo a Francomaçonaria, o Colégio
Invisível, o Escritório de Segurança, o Centro de Apoio dos Museus Smithsonian (CAMS) e o
Instituto de Ciências Noéticas.

Todos os rituais, informações científicas, obras de arte e monumentos citados neste romance
são reais. 




Prólogo

Casa do Templo 20h33

O segredo é saber como morrer.
Desde o início dos tempos, o segredo sempre foi saber como morrer.
O iniciado de 34 anos baixou os olhos para o crânio humano que segurava com as duas mãos.
O crânio era oco feito uma tigela e estava cheio de vinho cor de sangue. Beba, disse ele a si mesmo.
Você não tem nada a temer.
Como rezava a tradição, ele havia começado aquela jornada vestido com os trajes ritualísticos
de um herege medieval a caminho da forca, com a camisa frouxa deixando entrever o peito pálido, a
perna esquerda da calça arregaçada até o joelho e a manga direita enrolada até o cotovelo. De seu
pescoço pendia um pesado nó feito de corda - uma "atadura", como diziam os irmãos. Nessa noite,
porém, assim como os companheiros que assistiam à cerimônia, ele estava vestido de mestre.
O grupo que o rodeava estava todo paramentado com aventais de pele de cordeiro, faixas na
cintura e luvas brancas. Em volta do pescoço usavam jóias cerimoniais que cintilavam à luz mortiça
como olhos espectrais. Muitos daqueles homens ocupavam cargos de poder lá fora, mas o iniciado
sabia que suas posições mundanas nada significavam entre aquelas paredes. Ali todos eram iguais,
irmãos unidos pelo juramento compartilhando um elo místico.
Correndo os olhos pelo impressionante grupo, o iniciado se perguntou quem, no mundo
exterior, seria capaz de acreditar que todos aqueles homens pudessem se reunir em um mesmo
lugar... Principalmente naquele lugar. O recinto parecia um santuário sagrado do mundo antigo.
A verdade, porém, era ainda mais estranha.
Estou a poucos quarteirões da Casa Branca.
Aquele edifício colossal, situado no número 1.733 da Rua 16 Noroeste, em Washington, D.C.,
era a réplica de um templo pré-cristão - o Templo do Rei  Mausolo,  o  primeiro mausoléu... Um
lugar para onde se era levado após a morte.
Diante da entrada principal, duas esfinges de 17 toneladas montavam guarda ao lado das portas
de bronze. O interior era um labirinto de câmaras ritualísticas, corredores, alcovas secretas,
bibliotecas e até mesmo um compartimento contendo os restos mortais de dois corpos humanos. O
iniciado havia aprendido que cada cômodo daquele edifício guardava um segredo, mas sabia que
nenhum deles ocultava mistérios mais profundos do que a câmara colossal, na qual se encontrava
agora, ajoelhado, segurando um crânio nas mãos. A Sala do Templo. 


Sua forma era a de um quadrado perfeito. E o ambiente era sombrio e grandioso. O teto
altíssimo se erguia a surpreendentes 30 metros, sustentado por colunas monolíticas de granito verde.
Ao redor da sala, fileiras de cadeiras russas de nogueira escura, estofadas com couro de porco
trabalhado à mão, estavam dispostas em níveis. Um trono de 10 metros de altura dominava a parede
oeste, e um órgão escondido ocupava o lado oposto. As paredes eram um caleidoscópio de símbolos
antigos... Egípcios, hebraicos, astronômicos, alquímicos e outros ainda desconhecidos. Nessa noite, a
Sala do Templo estava iluminada por uma série de velas minuciosamente posicionadas. Seu brilho
fraco era complementado apenas por um facho de luar que entrava pela ampla clarabóia do teto
jogando luz sobre o elemento mais surpreendente da sala - um imenso altar feito de um bloco maciço
de mármore belga preto polido, situado bem no meio do recinto quadrado.
O segredo é saber como morrer, lembrou o iniciado a si mesmo.
– Chegou a hora - sussurrou uma voz.
O iniciado deixou seu olhar subir até o rosto do distinto personagem vestido de branco à sua
frente. O Venerável Mestre Supremo. O homem, de quase 60 anos, era um ícone norte-americano,
estimado, robusto e dono de uma fortuna incalculável. Seus cabelos outrora escuros estavam ficando
grisalhos, e o semblante conhecido refletia uma vida inteira de poder e um vigoroso intelecto.
– Preste o juramento - disse o Venerável Mestre, com uma voz suave feito a neve. - Complete
sua jornada.
A jornada do iniciado, assim como todas as daquele tipo, havia começado no grau 1. Naquela
noite, em um ritual parecido com este de agora, o Venerável Mestre o vendara com uma faixa de
veludo e pressionara uma adaga cerimonial contra seu peito nu, indagando:
– Você declara seriamente, pela sua honra, sem influência de motivações mercenárias ou
quaisquer outras considerações indignas, candidatar-se de forma livre e espontânea aos mistérios e
privilégios desta irmandade?
– Sim - Havia mentido o iniciado.
– Então que isso seja um estímulo à sua consciência - alertara o mestre -, bem como a morte
instantânea caso algum dia você venha a trair os segredos que lhe serão revelados.
Na época, o iniciado não sentira medo. Eles jamais saberão meu verdadeiro motivo para estar
aqui.
Nessa noite, porém, uma atmosfera de ameaçadora solenidade pairava na Sala do Templo,
levando-o a rememorar todos os avisos severos recebidos durante a jornada, ameaças de punições
terríveis caso ele algum dia revelasse os antigos segredos que estava prestes a conhecer: garganta
cortada de orelha a orelha... Língua arrancada pela raiz... Entranhas removidas e queimadas...
Espalhadas aos quatro ventos... Coração retirado do peito e jogado aos animais selvagens...


– Irmão - disse o mestre de olhos cinzentos, pousando a mão esquerda no ombro do iniciado. -
Preste o juramento final. Tomando coragem para dar o último passo de sua jornada. - O iniciado
endireitou o corpo e voltou sua atenção para o crânio que segurava nas mãos. À fraca luz das velas, o
vinho cor de carmim parecia quase negro. Um silêncio sepulcral reinava na sala, e ele podia sentir os
olhos das testemunhas cravados nele, à espera que prestasse o juramento final e se unisse àquele
grupo de elite.
Hoje à noite, pensou ele, entre estas paredes, está acontecendo algo que nunca aconteceu
antes na história desta irmandade. Nem sequer uma vez em séculos. Ele sabia que aquilo seria a
faísca... E que lhe daria um poder inimaginável. Cheio de energia, respirou fundo e repetiu as
mesmas palavras pronunciadas antes dele por incontáveis homens espalhados por todo o mundo.
– Que este vinho que agora bebo se transforme em veneno mortal para mim... Caso algum dia
eu descumpra meu juramento de forma consciente ou voluntária.
Suas palavras ecoaram no espaço oco. Então, o silêncio foi total.
Firmando as mãos, o iniciado levou o crânio à boca e sentiu os lábios tocarem o osso seco.
Fechou os olhos e o inclinou, bebendo o vinho em goles demorados, generosos. Depois de sorver
tudo até a última gota, abaixou o crânio. Por um instante, pensou sentir os pulmões se contraírem e
seu coração começou a bater descompassado. Meu Deus, eles sabem! Então, com a mesma rapidez
que havia surgido, a sensação passou.
Um agradável calor começou a percorrer seu corpo. O iniciado soltou o ar, sorrindo consigo
mesmo enquanto observava o homem de olhos cinzentos que não desconfiava de nada e que acabara
de cometer o erro de deixá-lo entrar para o círculo mais secreto de sua irmandade. Você logo perderá
tudo o que lhe é mais precioso.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário